quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Ali no canto

Ao encontrá-la, sua vida dava novamente um giro de 180º, o que o fazia voltar a estaca zero. Era estranho o poder que tinha sobre ele, um simples pedido se tornava obrigação em um estalar de dedos e um “sim” podia ser dito, mesmo que contra vontade, sem algum remorso.

Nunca se iludiu com falsas chances, apesar de existir ainda resquícios de esperança abalada para um futuro não muito distante e bom. A ilusão não era alimentada, pois sabia que havia outra pessoa, que mantinha a “guarda” do coração dela. Era massacrante e constrangedor estar ao lado de uma pessoa, mantendo o olhar fixo de um cão abandonado, mas sem deixar a postura de nada acontecer naquele momento, enquanto havia troca de caricias - virtuais, em pensamentos e/ou ate mesmo reais – na sua frente sem poder fazer nada. O clima acabava na mesma hora, e percebendo q não havia mais espaço para ele, pegava suas coisas e partia, quase sempre a procura da companhia de amigos, a fim de esquecer momentos como este ou ate mesmo amenizá-los, o que era mais corriqueiro.

A reviravolta em sua vida era repentina e vinha de um simples pedido de encontro da parte dela, mesmo sabendo que era realizado apenas por não ter o que fazer e com quem fazer. Era uma espécie de ursinho de pelúcia, que está sempre ali no canto à espera do aconchego de um peito solitário, magoado ou ate mesmo entediado. A mudança catastrófica era também causada pela rotina que jamais o abalara por ser bem mais cômoda. Sua vida sempre era igual em vários aspectos, ou acordava logo cedo para ir trabalhar e ao sair de lá partia para a rodoviária a fim de pegar o ônibus, enfrentar 1 hora de viagem e chegar a faculdade- lugar que não lhe proporcionava grandes surpresas e novidades - ou acordava a hora que era melhor e passava o dia na cama, passando o dia de pijama, apenas assistindo TV, mexendo no computador ou os dois ao mesmo tempo.

Sua companhia lhe fazia bem e mal ao mesmo tempo. Bem, por haver bons motivos para gargalhadas sem sentido e duradouras, lembranças agradáveis e historias pra contar futuramente e mal por ter um fim quase sempre melancólico. Mas pensando bem, essa também é uma forma de rotina, rotina não planejada, mas não deixa de ser, já que a história é a mesma sempre que se encontram- risos e mais risos e um fim nada agradável, com a descoberta de coisas que não queria saber.

Enfim, não há muito o que se fazer. O outro é guardião do coração dela, enquanto ele é um simples ursinho de pelúcia, que é rejeitado inúmeras vezes, amargurando a solidão e o esquecimento, à espera de um lugar ao sol em seu pensamento.

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