quarta-feira, 10 de outubro de 2007

28 - I

Sete meses sem se ver, um ano sem tirar sequer uma foto juntos e o fim do mês teimava em chegar, aumentando a ânsia de vê-la. Sempre se viam no dia 28, exatamente no dia 28, independentemente do mês, sem se dar conta disso, até que olham fotos tiradas tempos atrás que comprovam essa coincidência instigante. Olharam-se espantados com aquilo, não era normal uma coisa dessas acontece, algo estranho deve haver por trás deste numero, mas nada que pensavam fazia sentido. A última vez que saíram juntos foi no dia 6 – que é a subtração do numero 8 com o 2 – e ainda sim, não terminava o mistério do numero 28.

Ele sempre a amou, mas não admitia para si nem para os outros, até que descobre algo que ela disse tempos atrás a amigos em comum, que havia a possibilidade deles ficarem algum dia e isso foi crucial para que ele se derretesse por dentro, sem deixar a aparência fria que sempre ostentou, mas que logo era combatida quando a ruiva estava por perto, dando lugar a uma felicidade momentânea jamais encontrada e atingida por ele, que quando ia embora vestia novamente a mascara da frieza, tentando transmitir algo que realmente não era.

Não sabia ao certo o que realmente sentia, mas tudo indicava que era amor, ou paixão, como queiram. Não sabia se era bom ou ruim este sentimento, pois decepções amorosas faziam parte de sua rotina existencial e não pretendia atravessar por esta fase tão cedo, porém, sabia que tinha que enfrentar, sem deixar que a ansiedade tomasse conta de seu ser.

[...]

Já era dia 10 de outubro, mas só pensava no dia 28, que estava a chegar e ela retornaria para sua cidade, ironicamente o dia 28 ainda estava por lá. Seriam os 18 dias mais demorados de sua vida, talvez. Mirabolava planos com ela, mas aprendeu dias antes que planos não devem ser feitos – menos os planos de saúde, é claro, nunca se sabe quando vai precisar – pois nunca eram realizados e quando realizados não seguiam à risca conforme em seu pensamento. Além dos planos, elaborava também, frases para tentar conseguir algo. Sabia que frases feitas não funcionavam ou jamais eram ditas por não haver um contexto adequado e propicio a elas.

Estava numa sinuca de bico, pois mesmo sabendo que tinha chances, remotas, mas tinha, ainda havia outra pessoa na historia, um homem que ainda detinha o coração da ruiva, havia um porém, estava acostumado a não ser o vencedor e dia após dia, preparava-se para o final infeliz. Sozinho ao seu lado, sentia-se a pessoa mais importante do mundo, junto com ela, mas em meio a outras pessoas, sentia-se o mais inútil, tanto que sempre saia sem dar um parecer de onde ia e sem dizer ao menos um até logo a alguém. Ninguém, nem ela sentiam sua falta, talvez por ser disputada e disputar a atenção de várias pessoas e ele seria apenas mais um no meio de muitos. Isso, mesmo que o deixando triste, não o fazia desistir daquela mulher que tinha costumes e gostos parecidos e ate idênticos aos dele. Lutaria por ela, mesmo que tivesse que dizer frases feitas, ouvir e ir a um show de uma banda que não fazia um som que o agradava, ouvir um desestimulante “não” e como conseqüência levar um cinematográfico tapa na cara, dependendo do contexto e do humor dela, que não iria doer no rosto, apenas despedaçaria seu coração em inúmeras partes fazendo um estridente barulho em seu peito.

Era uma questão de 18 dias para se encontrarem. Talvez este 28 de outubro reservasse algo de bom ou ruim a ele. 28 de outubro que comemorava 1 ano da primeira vez que saíram juntos e sozinhos pelas noites escuras da pequena cidade do interior do Rio de Janeiro. Sempre foi bom para guardar datas, e este 28 de outubro que passou foi especial, tanto que lembra ate do clima quente com certas doses de ventos inconstantes. Se este 28 não desse em nada, há muitos dias 28 em vários meses e se nada acontecer em um dia 28, há ainda outros 29 dias no mês para acontecer. O que tiver que ser será. Mas como já foi dito, sempre foi bom em lembrar-se de datas, lembrava o aniversario de todos ao seu redor, mas caso algo de ruim acontecesse, meses depois não se lembraria nem mais da fisionomia daquela ruiva que um dia balançou seu coração, mas ainda sim a data ficaria guardada em sua mente.



[continua...talvez]

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