domingo, 30 de março de 2008

Chorou

Chorou com olhos estremecidos pela dor, derramando lagrimas francas causadas pela incerteza de um futuro, pela duvida do caminho que está a seguir. Não sabe se o que está a fazer é o que realmente quer, se a profissao escolhida é a que tem que ser seguida. Porém, ao olhar ao seu redor, nao encontrar outra opção a nao ser a de jogar tudo pro alto. O orgulho nao deixa que isso aconteça. Sempre que começa a fazer algo, vai até o fim, nem que seja para deitar sobre os louros da vitoria ou se arranhar com os espinhos da derrota.

Só sabe que nada sabe. A certeza do futuro incerto, a certeza de que o homem é fruto do meio em que vive e a falta de tempo para tudo o deixam cada vez mais fraco. O humor que resta logo lhe é roubado em fração de segundos, a vontade de acordar na manha seguinte e viver a rotina já nao é a mesma de meses atrás. Não saboreia os minutos e os segundos com a mesma intensidade que lhe era ha alguns dias e hoje chora, olhando fixamente para o horizonte, num ponto fixo, mesmo que seja na parede, e sua mente projetando um filme de seu passado, presente e futuro. As lagrimas caem, mas a face nao muda, mantem a cara de “durão” mesmo fragilizado. Nao sabe mais como ser viril, como manter um sorriso autentico mesmo quando a sorte nao lhe sorri.

A maturidade lhe apareceu como uma voadora no peito e nao sabe como lidar com ela. Está com uma batata quente nas mãos e nao pode deixá-la cair, nem jogá-la para o ar para aliviar as queimaduras. Não tem volta, ou cria algum jeito de segurar e contornar a situação, ou as queimaduras deixarão suas mãos incapazes de se movimentarem. A tão querida auto-suficiencia já nao lhe enche os olhos e a trocaria por qualquer bala ou pirulito que recusou para que ela chegasse mais depressa. É o preço que tem de pagar, e a moeda, por hora, são lagrimas, futuramente talvez ainda sejam lágrimas ou sorrisos sem motivos concretos, é esperar pra ver.

Nenhum comentário: