segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Biografia Adiposa

É difícil, às vezes, comentar sobre alguns dramas que sofremos, mas aqui vai um. Com certeza, em algum momento da sua vida, você estudou, trabalhou e/ou teve que conviver com alguma pessoa gorda – deixem essa porra de “fofinho”, “ excesso de gostosura” ou até mesmo gordinho de lado, diversas vezes o dito cujo é enorme e o denominam de “gordinho”.

O drama começa desde a infância, época na qual os cruéis apelidos surgem, como rolha de poço, baleia, bola e etc. E adianta ficar puto? É aí que pegam no pé mesmo, e geralmente quem faz isso é o merdinha do “anão” fanfarrão da sala - suponho que lhe passou a cabeça o “anão” pentelho dos tempos da classe da tia Terezinha ( ou outro nome qualquer. Já notou que todas as professoras do pré tem seus nomes no diminutivo como Terezinha, Cidinha, Lucinha? ). Esses apelidos meigos duram até meados da 6ª série, em média, e dão lugar às chacotas ligadas às mulheres ou concursos para ver quem é a menina mais feia do colégio. As gordinhas deveriam ser hors concours, pois para desbancá-las as concorrentes tem de se esforçar, e muito.

Logo em seguida, vem o ensino médio e há uma divisão – não há meio termo – ou o gordinho é o mais zoado, até por professores, diretores e crianças mais novas e folgadas que ele , ou ele será aquele que sempre solta as piadas mais inesperadas, tornando-se símbolo da turma – ta, exagerei na parte do símbolo da turma, mas alguns viram lenda. A segunda opção não é livre de caçoadas, mas eles, com sua malemolência voluptuosa, conseguem contornar a situação e os caçoadores acabam saindo na pior.

Até aí tudo são flores. SIM, isso mesmo que acabou de ler, tudo são flores nessa época. Depois do ensino médio, teoricamente, todos viram adultos e aí que o bicho pega. Adultos tentam ser sutis mas nunca dá certo, pois os gordos estão “calejados” de saber que quando dizem “Nossa, ele é gordinho, ?” na verdade, quer dizer “ PUTA QUE PARIU COMO VOCÊ É GORDO!”, ou “ Nossa, que lindo, fofinho demais!”, quer dizer “ Você já ouviu falar em regime?!”. E quando dizem que emagreceu, sendo que engordou? Ah, pára, ? Esta história de fofinho só serve para bebês, porque alem deles serem fofinhos mesmo, não tem a capacidade de mandar você praquele lugar, não naquele momento.

O destino de um gordo – lê-se gordo mesmo, não tente trocá-la por gordinho e afins – é constrangedor, todavia, ele pode ajudar a salvar vidas. Diversas vezes ele é usado como ponto de referencia.

- Opa, bom dia, você poderia me informar onde fica o “Hospital Entra Ruim, Sai Pior”?

- AH, LÓGICO! Tá vendo aquele gordo ali? Então, vira aquela esquina ali e segue reto. Não tem erro!

E nas roletas de ônibus? Dá uma peninha daquela tiazona que fica presa – mas isso só acontece depois de uns 5 minutos de risos incontroláveis. Sempre que presencio uma cena dessas, me dá vontade de andar com um pote de manteiga ou tubo de vaselina para contribuir no trabalho árduo daquela senhora, que não tem culpa dos ônibus serem tão pequenos e roletas tão apertadas. Fora os instantes constrangedores que qualquer pessoa tem que passar ao encontrar uma tiazona que nunca viu na vida, mas ela teima em dizer, toda efusiva:

- EU JÁ TE PEGUEI NO COLO, SABIA?

Todavia, na cabeça do gordo, geralmente, passa algo do tipo:

- Foda-se, quero ver pegar agora, vadia.

O problema com mulheres é dispensável de comentar, todavia, muitos são auto-suficientes, se é que me entende. Ah, se todos tivessem carro e grana... Brincadeira.

Mas estes constrangimentos acontecem com todos, não só os gordos, assim como acontece com magrelos, baixinhos, afeminados ( afeminado? Na minha terra isso tem outro nome! ) e etc, porém os gordos sofrem mais. Quem não passou por certas vergonhas na infância ou em qualquer época, não viveu. Passou os dias em seu “casulo”, privando-se de tudo. Melhor assim, pelo menos você tem a quem se vingar futuramente.

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